top of page

Auto-entrevista com Danielle Sánchez, tradutora - Behind The Curtains


Danielle Sánchez, tradutora
Danielle Sánchez, tradutora

Danielle Sánchez


- Bacharel em Estatística, ENCE/IBGE; Especialista em Data Mining PUC/RJ.


- Tradutora, inglês para português e português para inglês, 8 anos de experiência.


- Especialização: engenharia, marketing, turismo, matemática, estatística, computação, e outras.









Fale um pouco sobre o seu background antes de se tornar tradutora (formação e experiências prévias de trabalho).

Sou formada em Estatística e trabalhei por anos em várias áreas (MKT, CRM, DBM, Pricing, BI, Credit Risk, etc.) de diversos setores (saúde, varejo, internet, seguros, bancos). Além de resolver problemas usando modelagem/análise estatística nas empresas em que trabalhei, em todas elas foi necessário desenvolver relatórios para um público de “não iniciados” em Estatística com as conclusões obtidas, de forma que fossem aplicáveis na empresa.


Eu sou uma Estatística “gauche”, pois gosto de sentar e explicar as coisas para as pessoas. Desde sempre tive preocupação com a parte visual da apresentação, pois a codificação e as cores passam muita informação (desde que escolhidas com critério, inteligência e propósito). Nas empresas em que trabalhei isso sempre foi uma vantagem, pois achavam interessante ter alguém que soubesse traduzir os resultados em “língua de gente”.


Antes de cursar o Bacharelado em Estatística eu cursei quase o currículo inteiro do Ciências Moleculares na USP também, com uma carga grande em Biologia, Física e Matemática.


Quando criança eu estudei piano por 10 anos em um conservatório. Também estudei balé por 10 anos. Além disso, escrevo desde muito pequena (prosa e poesia), tendo participado de concursos nacionais de monografias, redação e poesias.


Como hobby, gostava muito de artes manuais (bordado, tricô, crochê, costura), mas depois de um período de fastio me encantei com websites: mexer nos meus me diverte muito (o Dani’s Translations foi inteiramente feito por mim!).



O que te fez se tornar uma tradutora?

Minha filha mais nova nasceu no meio da crise pós 2008, eu estava em casa com a bebê e meu pai, também tradutor, me passou alguns textos para testar o meu inglês (eu já morava nos EUA desde 2007). Depois de uns meses me testando, por volta do começo de 2011 ele me apresentou para a primeira agência de tradução com que trabalhei. Eles gostaram do meu trabalho e continuei na área.



Como esse background a ajudou em tradução?

Esse background cheio de atividades, estudos, artes, e o fato de sempre ter lido muito (até meio compulsivamente) me ajudam muito nas traduções que faço. Posso não saber necessariamente do que se trata o texto que estou traduzindo, mas certos gatilhos dentro dele me remetem a lembranças que facilitam a busca dos significados que preciso para achar os equivalentes na outra língua.


Às vezes, um projeto de tradução me dá a sensação de estar num grande quebra-cabeça, procurando as peças e pontas. Até as estratégias (montar a parte da moldura primeiro, por exemplo) são similares. E contribui muito para o meu estilo de tradução o fato de que eu, em Estatística, ter que trazer os resultados para uma narrativa que leigos possam entender.


Qual sua avaliação pessoal da área?

É uma área mista e complicada. Eu faço tradução técnica, não sou da literária, então aqui me refiro à tradução técnica.


Por um lado, você tem uma tradução quase automática (pense em documentos como RG, certidão de casamento, etc.), em que tudo é repetitivo e similar, e que eu imagino que será absorvida por IA em questão de poucos meses/anos.


Por outro lado, você tem uma série de documentos que precisam ter um toque de humanidade na tradução, de um bom senso que nenhuma máquina terá (estou falando de questões teóricas mesmo, não de limitações de programação ou de maquinaria).


Nesse meio estão tradutores, levando tiro de todos os lados. IA não está ainda totalmente funcional, mas estará logo, logo. Me pergunto: será aplicada com confiabilidade? E a que tipo de documentos?


Ainda tenho muito o que avaliar sobre essa mudança tecnológica na área, e os ludistas* existem aos montes. Estou lendo artigos sobre o assunto e espero publicar algo em poucas semanas.



Qual o nível de satisfação que trabalhar em tradução lhe traz?

É grande sim. Trabalhar em casa, fazer seu próprio horário, conversar com pessoas do mundo inteiro, ter seus gatos do lado pulando no teclado, por sua filha no ônibus da escola de manhã e voltar para o computador com um café recém-coado.


Não te parece bom?


*Veja a definição de Ludismo em https://pt.wikipedia.org/wiki/Ludismo

bottom of page