Fabi Emerick
- Bacharel em Letras, UFRJ;
- Tradutora e Revisora, espanhol para português e português para espanhol, 4 anos de experiência.
- Especialização: legendagem, marketing e teatro.
LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/fabiemerick/
E-mail: contato@fabiemerick.com
Há 6 anos eu precisava tomar decisões cruciais: que faculdade eu quero realmente cursar e com o que quero de fato trabalhar. Uma pergunta obviamente conectada à outra.
Primeiro decidi o que queria ser: tradutora.
Traduzir, para mim, não é simplesmente passar o texto de uma linguagem para a outra, é tornar o mundo mais conectado, mais comunicado. Traduzir é parte imprescindível da comunicação.
Cada um de nós, tradutores, teve uma motivação singular que nos trouxe à nossa carreira: amor, paixão, necessidade, ideais etc. Essas motivações surgiram em momentos distintos para cada um de nós e nenhuma delas deve ser vista como inferior à outra. A motivação em si, não faz um tradutor estar apto ou não apto ao trabalho, mas pode ser fundamental para o processo de aprendizagem.
Depois, decidi a faculdade.
Quando optei por Letras – Português e Espanhol na UFRJ, foi por comodidade, proximidade e, por que não, renome da universidade. Naquela altura, não tinha um curso específico de tradução oferecido por uma universidade pública aqui no RJ e eu não tinha condições financeiras de me mudar para outro estado ou fazer uma faculdade privada.
Decisão tomada, chegaram novos desafios para enfrentar.
Eu tinha escolhido uma faculdade sem foco em tradução e caberia a mim correr atrás de oportunidades lá dentro que me trouxessem a experiência que eu precisava para me dedicar à profissão aqui fora.
Em 2015, consegui minha primeira oportunidade: uma bolsa em um projeto de extensão realizado pelo curso de Terapia Ocupacional: eles precisavam de um tradutor de Espanhol para trabalhar no projeto.
O projeto do curso de Terapia Ocupacional em parceria com o Portal ARASAAC visava ampliar o fornecimento de material voltado para a Comunicação Alternativa, ou seja, voltado para um grupo marginalizado e invisibilizado, já que havia uma variedade muito pequena de materiais disponibilizados para as pessoas com deficiência.
Participar daquele projeto foi fundamental para minha carreira, foi apaixonante e, ao mesmo tempo, uma quebra de paradigmas dentro de mim.
Ali, eu fiz mais do que traduzir: eu refleti.
Refleti durante todo aquele ano, enquanto realizava diversas traduções, inclusive a tradução da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência em Pictogramas do Espanhol para o Português. Também ajudei a finalizar a tradução do portal ARASAAC para o português (já estava quase pronto por causa do trabalho dos tradutores anteriores) e fiz algumas traduções de passo a passo para criação de material e preparação de atividades para pessoas com afasias principalmente. Material este que facilita a comunicação, a educação e o desenvolvimento de pessoas com deficiência. Pensar na Convenção em Pictogramas era pensar que pessoas com deficiência, incluindo aquelas com dificuldades cognitivas, também têm o direito de conhecer e entender seus direitos.
Como não pensar no papel do tradutor diante de um trabalho incrível destes?
Em um mundo plurilinguístico e globalizado, a comunicação é um bem de extrema importância. Tornar um texto (oral, escrito, em pictogramas...), antes limitado a uma determinada quantidade de conhecedores de um idioma, acessível a uma parcela ainda maior da população passou a ser, na minha opinião, o papel fundamental do tradutor.
Em resumo, entendi que a tradução rompe as barreiras idiomáticas da comunicação e é papel do tradutor entregar seu melhor para fazer essa comunicação acontecer.
Eu sempre acreditei que todas as pessoas têm direito ao acesso à informação e eu percebi há 4 anos que a profissão que eu escolhi se casa perfeitamente com essa minha crença. Desde então, meu papel como tradutora tem uma motivação ideológica que ao meu ver é crucial para o desenvolvimento do meu trabalho.
E você, já refletiu sobre o que te move no seu trabalho?
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