Mário Lúcio de Freitas, tradutor com 32 anos de carreira, experiência anterior como gerente administrativo e de operações em multinacionais e projetos de engenharia.
Formado em Ciências Contábeis pela UnB em 1990 e como Técnico Tradutor e Intérprete En-Pt-En pela Escola Americana de Brasília em 1986.
Especializado em tradução nas áreas de engenharia, jurídica/contratos e financeira.
E-mail: mariolftradutor@gmail.com
Fale um pouco sobre o seu background antes de se tornar tradutor (formação e experiências prévias de trabalho).
Estudei inglês desde criança. Minha mãe era libanesa e a melhor forma de me comunicar com a família no Líbano era em inglês. Aos 13 anos, fui para uma escola americana, onde estudei por 7 anos e atingi um nível excelente de inglês.
Me formei em Ciências Contábeis pela UnB e fui gerente administrativo em cinco multinacionais, por 20 anos, sendo 11 pela AmBev e 8 em empresas canadenses de engenharia. Em todos esses anos, sempre continuei atuando como tradutor, porém como uma renda extra.
O que te fez se tornar um tradutor?
Sou tradutor desde 1987. Assim que me formei na “high school”, comecei a traduzir e consegui muitos clientes.
Mas somente em 2013, com a falência da MMX de Eike Batista, meu último “patrão”, fui demitido pela última vez, com 45 anos. Ainda tentei o velho padrão de enviar CVs e me recolocar no mercado, mas todas as propostas que recebi eram para ganhar metade do que eu ganhava antes.
Então “chutei o balde”. Resolvi investir na carreira de tradutor. Foi a melhor coisa que fiz na vida e me arrependi de não ter feito isto 10 anos antes!
Como esse background lhe ajudou em tradução?
O “bagageiro” de um tradutor se enche com diversas bagagens. Como eu aprendi inglês desde criança e estudei sete anos em uma escola americana, o inglês fluente foi a primeira “bagagem”. Sempre fui um ótimo aluno, e fui convidado para a National Honor Society duas vezes.
Em seguida, veio a experiência como empresário. Como distribuidor da AmBev, aprendi muito em vendas, logística, administração, contabilidade, contratos, etc. Depois, na Telelistas e na Albany, acrescentei um grande conhecimento em processos judiciais e no trabalho com expatriados. Finalmente, atuei na SNC-Lavalin e na Worley Parsons, onde convivia com o jargão da engenharia e com inúmeros gerentes canadenses e de outros países anglófonos diariamente. Na SNC, eu comecei como Tradutor Sênior, gerenciei equipes de tradução e atuei em obras por seis meses, outra experiência fantástica.
Qual sua avaliação pessoal da área?
Nossa área é sui generis no mercado.
Os cursos de tradução dão uma base teórica muito sólida, mas que representa 10% do que a pessoa precisa para ser um bom tradutor. O pessoal que se forma em tradução fica meio frustrado por não conseguir trabalho e por ter de concorrer com pessoas formadas em outras áreas, que muitas vezes se dão melhor no mercado, graças à bagagem que eu citei acima.
Mas é um mercado que tem lugar e demanda para todos, formados na área ou não. O que determina seu sucesso é a competência, o networking bem feito e o seu profissionalismo. Diplomas, certificados e congêneres representam muito pouco nesse cenário, assim como a teoria da tradução.
Qual o nível de satisfação que trabalhar em tradução lhe traz?
Trabalhar com tradução é a única coisa que realmente me deu prazer de trabalhar nesta vida.
A partir de 2013, não tendo mais patrão, horário de trabalho, duas horas de trânsito por dia, mil normas, comer na rua todo dia, descontos escabrosos na folha de pagamento e muitos outros inconvenientes, eu me apaixonei ainda mais por ser tradutor autônomo. Jamais voltaria aos status anteriores. CLT nunca mais! .
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